Senhor...

Tarde Senhor ?

Opa! Beleza ?

Ó senhor, me desculpa encomodar, mas é que eu tô com fome... e o restaurante custa quatro e cinqüenta e...

Ô camarada, espera só eu ir ali na banca, dá uma olhada aqui no carro, quando eu voltar a gente conversa...

Mas vai fechar o restaurante senhor...

Hoje é domingo, o restaurante nem abriu... já volto... guenta aí...

Tá bom senhor, eu vou ficar de olho aqui...

Beleza! Já volto...

Olhei aqui senhor...

Soh... ó tenho dois e vinte cinco... cê vai comprar comida ou umas pedrinhas ?

Não faço isso não senhor!

Você faz o que você quiser...

Deus ajude o senhor... e toda sua família... vai com Deus senhor... obrigado... Deus ajude...

Esse foi um diálogo que eu tive um domingo desses, com um rapaz cambaleante e maltrapilho, provavelmente da mesma idade que eu, talvez com mais saúde que eu... infelizmente com menos amor próprio que eu.

Quem disse que eu sou mais que ele pra ser chamado de senhor? Porque as pessoas se diminuem assim? É uma pedra? Um cigarro? Uma garrafa? Ou é um pensamento o problema?

Quem vai se importar? Os Homens de preto? O homem do céu? Eu? Ou ele mesmo?

Fabiano Rosa