Dia 30 de abril, saí
de casa com mais dois amigos, destino: balada! Mas com um propósito: não beber
e voltar cedo para casa, pois no dia seguinte tinha que estar acordado cedo
para o tradicional torneio de futebol dos joalheiros, que acontece todo dia do
trabalhador, 1º de Maio.
Não direi o nome dos
amigos, mas basta citar que ambos são policiais hoje em dia, só para deixar no
ar e refrescar a memória de quem sabe da história.
Baladinha rolando, e
nós três perto da porta, braços cruzados, sem beber, só observando o
movimento. Lá pelas tantas percebi uma guria olhando por cima do ombro,
cutuquei na costela do meu amigo, por sinal, bem mais apessoado que eu (cara
fazia sucesso na night!), e disse: “olha ali cara, aquela ali não para de olhar
para você!”.
Ficamos cuidando para
ver se era verdade, e ela realmente continuava a olhar em nossa direção, e
também, chegando cada vez mais perto, juntamente com uma amiga.
Aquele ambiente de
flerte, hora escuro, hora colorido. E já não tinha mais dúvida, ela estava
“dando moral”. Mas comecei a prestar mais atenção, e cheguei a uma conclusão.
Outra cutucada na costela: “cara, não é pra você não! É pra mim que ela está
olhando!”.
E foi ficando
evidente, era pra mim! Até que meus amigos resolveram ir embora, porquê iriam
passar o feriado em suas respectivas cidades, as quais também não irei citar,
não lembro se esse meu amigo já namorava nessa época, vai que eu queimo o rapaz
né?
Eu, logicamente já
não queria arredar pé, até porquê as meninas já estavam literalmente ao lado,
até se esbarrando. Confesso que fiquei meio “de cara” pelo abandono do restante
da “tropa”, não se deixa um soldado sozinho no campo de batalha. Mas enfim...
“eu tava ali, ela também, ela também estava ali, tava parada e olhando para
mim...”. Puxei papo. Aquele bem idiota de balada mesmo, que você pergunta algo,
a pessoa não escuta, responde que sim, e você finge que entendeu, se esforçando
para tentar se balançar no ritmo da música.
E assim foi, a essa
altura eu já tinha bebido algumas cervejas para dar aquela coragem, e já não
era tão cedo, ou seja, meus propósitos já tinham ido pelo ralo. Maaaaassss...
“a mina tava na minha mano!”. Já tinham rolado alguns beijinhos, e já estávamos
no meio da pista de dança, onde a luz pisca ainda mais, e se ouve e se enxerga
ainda menos.
A noite se mostrava muito boa, afinal para um solteiro um dos grandes objetivos na balada
é esse... “pegar” alguém. Mas é a partir daí que a coisa começou a ficar meio
estranha, e a noite foi se tornando digna de lembrança mesmo após tantos anos.
No meio da pista, a
menina me largou, e gritou no meu ouvido: “beija a minha amiga!”.
Rapaz... eu olhei a
amiga, ela era ainda mais bonita! E não sei se já estava combinado, mas ela estava
olhando para nós, e parecia estar de acordo! E eu? A R R E G U E I!
Isso mesmo, arreguei!
Não beijei a outra não. Continuei no que já estava garantido, acho que é algo
de personalidade, ou “bundamolismo” mesmo. Ditado bom pra usar nessa hora:
“mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Elas riram da minha
cara, mas não foi algo que tenha me cortado da situação, logo a amiga encontrou
um outro cara, e assim a noite seguiu. E inevitavelmente, já não era mais cedo,
a madrugada já contava seus gatos pingados. Hora de ir embora.
Já do lado de fora,
hora de garantir os contatinhos, em uma época pré Whatsapp, isso era
importante. Percebi que as meninas precisavam de carona, assim como o rapaz que
estava com a outra menina. E assim foi, ao chegar na casa da, digamos “minha”,
ela convidou: “vamos entrar?”
Cacilda... eu
obviamente não estava mais pensando no jogo ao qual eu teria que comparecer
algumas horas depois. Entramos.
Eu ainda estava
achando aquela noite “boa demais pra ser verdade”. Eu já tinha até recusado
beijo. Mas a testosterona estava ali, me mantendo curioso para saber no que
aquilo iria dar.
Desculpem, mas é
inevitável, tenho que dar alguns detalhes do que se seguia, mesmo que
impróprios (mãe, atual namorada, não leiam esse texto).
O clima de amassos,
obviamente continuou, a amiga e o rapaz logo sumiram. E eu fui levado para um
quarto. Escuroooo. Meus pensamentos ainda se dividiam entre: “como sou
sortudo”, “tenho jogo daqui a pouco”, “isso é bom demais pra ser verdade”.
Algumas peças de
roupa a menos.
Cai um sutiã...
E meu coração parou.
Ela tinha silicone!
Silicone!
Rapaz, veio um
filminho da noite na minha cabeça!
E uma certeza: “é
travesti! Puta que o pariu, é travesti!”.
Eu só conseguia
pensar: “por isso foi tão fácil, por isso! Como eu não percebi, é travesti!”
O ditado: “Mais vale
um pássaro na mão do que dois voando” me soou horripilante nessa hora!
Eu não sou
homofóbico, nem um pouco, mas estava com muito medo da situação! Até porquê eu
sei que “travesti não é bagunça”!
Não sei quanto tempo
se passou, para mim foi como se o tempo tivesse parado, entre a queda do sutiã
e a da calcinha. Eu não podia olhar, até porquê estava escuro, e eu não queria
de jeito nenhum por a mão.
Não, não! Como aquilo
poderia estar acontecendo??
Eu não conseguia nem
fazer piada lembrando da música das Velhas Virgens: “...se era homem, era um
homem lindo...” (até porquê, acho que nem conhecia essa música ainda...).
Até que... não.
Não!
Não tinha passarinho.
Não era travesti! Ou
o cirurgião tailandês foi muito bom.
Minha respiração
voltou ao normal.
E eu só pensava:
“Puta que pariu, tenho jogo daqui a pouco.”
17/02/2017
Veja:
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